Multiverso: Ficção Científica ou Realidade?

• Isabelle Conde
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• ENTRETENIMENTO
• 18/05/2022

O Universo Cinematográfico Marvel (MCU) abre-se cada vez mais para diversas possibilidades de histórias, apresentando cenários no espaço e em outros universos e realidades. Desde o fim da última fase do MCU, suas estreias vêm mostrando a introdução de novos conceitos, como o do multiverso. Títulos como as séries Wandavision, Loki, o terceiro filme de Homem-Aranha e, agora, a sequência de Doutor Estranho exploram essa ideia da existência de outros mundos e criam promessas sobre os próximos caminhos da franquia. 

Até seu lançamento na semana passada, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura vinha acumulando muitas expectativas dos fãs. A concepção de multiverso foi muito bem tratada em produções como Wandavision, Loki e Homem-Aranha 3. O mesmo não pode ser dito de Doutor Estranho 2, pois, apesar de examinar o assunto de forma divertida e fácil de compreender, a noção de múltiplos universos é bastante intrincada e, com certeza, não se reduz apenas à caracterização realizada no filme. 

Mas, e na nossa realidade, o conceito de multiverso é possível? Será que existem outras versões de nós mesmos em dimensões paralelas? Tal formulação é bastante usada em conteúdos de ficção científica, como os títulos já mencionados e outros, fora do MCU, como Coerência, Donnie Darko, Efeito Borboleta, as séries Dark e The O.A. e Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, longa que será lançado em breve nos cinemas brasileiros. 

Existem algumas teorias científicas modernas que abrem espaço para a existência de um multiverso quando propõem que o nosso universo observável pode não ser inédito, ou seja, que o espaço e tempo que conhecemos podem não ser a única realidade existente. Alguns cientistas justificam essa possibilidade com o simples fato de que há aspectos sobre o nosso universo que não podem ser explicados com base nas leis naturais que já sabemos. Como, por exemplo, por que há tempo suficiente para fazer estrelas e planetas? Ou por que estrelas brilham como brilham?

A chamada “cosmologia inflacionária” é a ideia que mais vem sendo aceita na comunidade científica que traz o parecer de que no momento do Big Bang, o universo se expandiu muito rápido e de forma exponencial. Uma previsão da teoria é de que esse crescimento poderia acontecer repetidas vezes, o que explicaria uma espécie de constelação de universos. 

A mecânica quântica também pode ser uma área da ciência que chega perto de explicar o conceito de multiverso. A teoria proposta pelo físico Hugh Everett, em 1957, chamada “interpretação de muitos-mundos” supõe a existência de linhas temporais ramificadas ou realidades alternativas em que nossas escolhas desencadeiam em resultados diferentes. 

Há também a teoria do gato de Schrödinger, que é mais um experimento mental criado pelo físico Erwin Schrödinger em 1935. Seu objetivo era testar a chamada Teoria da Incerteza, em que partículas subatômicas estariam em vários locais girando e se movimentando em diversas velocidades ao mesmo tempo. Então, um observador tentaria medir onde e como elas estão e, com isso, as “obriga” a tomar uma única posição ou velocidade. 

Na experiência mental de Schrödinger, um gato é posicionado dentro de uma caixa fechada. Dentro da caixa, é colocado um frasco contendo gás venenoso, um elemento radioativo emissor de partículas alfa e um dispositivo composto de um martelo e um detector de radiação. Se esse detector identificar pelo menos uma partícula alfa, o martelo é acionado e quebra o frasco do veneno e o gato morre. No entanto, é possível que essa fonte radioativa não libere partículas alfa, nesse caso, o gato não morreria. Então existe uma probabilidade de 50% do gato morrer e uma de 50% do gato viver. Para a mecânica quântica, o gato está vivo e morto ao mesmo tempo. 

Infelizmente, ainda não existe nenhuma evidência na nossa realidade que comprove a existência de um multiverso, apenas teorias. Talvez ainda precisemos esperar muito tempo para chegarmos a um entendimento mais completo sobre os mistérios da realidade. Até lá, ficará a cargo do cinema e das artes nos fazer imaginar mundos possíveis e viajar para outros universos.

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