Você sabe a diferença entre ”there is” e ”to have”?
Quando estudamos uma nova língua, um dos grandes equívocos que cometemos é compará-la ao Português. Fazemos isso inconscientemente como uma forma de buscarmos total entendimento daquilo que aprendemos, mas não nos damos conta de que, muitas vezes, o idioma que está sendo estudado possui estruturas e regras muito diferentes daquelas que existem no nosso.
Na língua inglesa, encontramos inúmeros casos em que a comparação com o Português não se aplica, seja em vocabulário ou estrutura. Por exemplo, quando nos referimos à existência de algo, utilizamos no Português corriqueiro o verbo “ter”, assim como o usamos para expressar posse. Veja os seguintes exemplos no nosso idioma:
– Eu tenho uma família grande.
– Em Copacabana, tem três estações de metrô.
Na primeira frase, o verbo “ter” expressa posse, enquanto na segunda, a ideia é de existência. Quando usamos o verbo “ter” em Português no sentido de “existir” ou “haver”, estamos empregando-o de maneira informal, porém gramaticalmente correta e sem influenciar no entendimento da mensagem a ser transmitida. No entanto, no Inglês, o uso do verbo “ter” é diferente. Seu correspondente – “to have” – é aplicado somente ao sentido de posse quando se encontra na posição de verbo principal conforme a frase abaixo:
– I have a big family. (Eu tenho uma família grande.)
Quando queremos nos referir à existência de algo, devemos utilizar “there is” para o singular ou “there are” para o plural, como nas frases a seguir:
– In Copacabana, there is a subway station. (Em Copacabana, existe uma estação de metrô.)
– In Copacabana, there are three subway stations. (Em Copacabana, existem três estações de metrô.)
Também podemos mudar a ordem dos elementos nas frases acima, ressaltando que jamais iniciamos uma sentença em Inglês com um verbo, salvo no imperativo. Por conta disso, analisemos os exemplos abaixo:
– Have a subway station in Copacabana. (Tem uma estação de metrô em Copacabana.) ✘
– There is a subway station in Copacabana. (Existe uma estação de metrô em Copacabana.) ✔
– Have three subway stations in Copacabana. (Tem três estações de metrô em Copacabana.) ✘
– There are three subway stations in Copacabana. (Existem três estações de metrô em Copabana.) ✔
Como não podemos iniciar uma frase com um verbo e “to have” significa apenas posse quando usado como principal, chegamos à conclusão de que a forma correta de expressar existência é utilizando o “there is” ou “there are”. Além disso, “there is” (singular) também pode ser usado para coisas não contáveis, enquanto “there are” (plural) é aplicado a coisas contáveis conforme os seguintes exemplos:
– There is a lot of money in Paul’s bank account. (Há muito dinheiro na conta bancária de Paul.)
– There is much sugar in this coffee. (Há muito açúcar nesse café.)
– There isn’t much time left to do the tasks. (Não há muito tempo restante para fazer as tarefas.)
“Dinheiro” é algo que, no Inglês, é considerado não contável. Podemos contar reais, dólares, euros, cédulas, moedas, etc. Faz sentido se pensarmos que dizemos “Tenho cem reais na carteira” e não “Tenho cem dinheiros na carteira”. “Café” é outro elemento que não pode ser contado. Contamos potes, xícaras, colheres, grãos, mas não a substância. O mesmo se dá com “tempo”, pois contabilizamos segundos, minutos, horas, dias, porém “tempo” em si não é contado.
Quando temos elementos que são contáveis, devemos utilizar o “there are”.
– There are many monkeys in this zoo. (Existem muitos macacos nesse zoológico.)
– There are a lot of people at the mall. (Existem muitas pessoas no shopping.)
– There aren’t many chairs in this room. (Não existem muitas cadeiras nessa sala.)
“Macacos”, “pessoas” e “cadeiras” são itens que podemos facilmente contar e não fazem parte de um conceito abstrato. Está correto dizermos que vimos trinta macacos no zoológico, que existem duzentas pessoas no shopping ou que na sala há somente cinco cadeiras.
As diferenças entre as línguas portuguesa e inglesa são diversas. Se mantivermos em mente que ambas operam de maneiras distintas e que precisamos desassociar uma da outra no momento do aprendizado, o processo se torna mais fácil. Existe a tentação de sempre nos apoiarmos naquilo que conhecemos, de vermos o nosso idioma como muleta na hora da compreensão, todavia associações como as que vimos aqui podem prejudicar o entendimento e nos afastar do alcance integral que podemos ter ao aprendermos uma nova língua.
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